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quarta-feira, 6 de maio de 2015

ESPELHO


Lá estava eu sorrindo com os olhos fixados no vazio,
sentado em um canto isolado do nada,
enquanto que meus pensamentos estagnavam.

Sorrindo para o vazio.
Amigo inconstante, desacelerado.
De suas margens surgem a negritude dos pesares,
a força dos desapegos e o medo dos corajosos.

De mãos dadas com o vazio.
Fotos em preto e branco na parede salmão.
Pessoas indistinguíveis, rostos desalinhados.
Pedaços de memória cicatrizadas no esquecimento.

Olhando como o vazio.
Ao seguir teu olhar o mistério me enebria e me enaltece.
Corre entre as veias pulsantes do tempo,
que insistem em reverberar os minutos que nos resta.
Bate o relógio, some o devaneio e resta a dúvida.
Quem está sentado no outro canto do café vazio olhando para o nada?

Eu sou o vazio.

06 de Maio de 2015 - DM

domingo, 5 de outubro de 2014

Inconcebível

05 de Setembro de 2014

Carícias brutas, de todo impensadas
O desejo que lhe toma a boca.
Entre teus lábios, teus suores, tuas peles,
Toda a alma se faz louca.
A fome que me anseia lhe apetece como a mordida que se tece.
Nas rubras marcas dessa pele amarga
Repousam o afago de um suspiro intercalado,
nunca antes imaginado, antes dessa penumbra que se veste.
Beijos quentes, almas vazias...
O desejo é tanto que cercam as bocas que foram minhas, tuas e tias...
Da saliva corrente a vontade faz jorrar,
Desses corpos ausentes que da cama faz gritar.
Recomponha-se devaneio meu!
Que de todo pranto me faz desejar o inconcebível, mas pra quem?
O corpo a língua passeia, o ouvido se faz mordida,
a mão se faz inteira percorrendo a barriga tua e minha.
De sorrisos faceiros, olhos dormentes,
O suor que escorre entre os teus loucos entes
projeta-me entre as paredes desse lado escuro do quarto.
Coloco-te de quatro, sem pensar no ato.
permeio a indecisão desse ambígua posição.
Tapa veio, gemido sendo, grito correndo, amores sedentos, mas...
Veio a tona a marca do bandido,
primeiro marco de uma noite de roubos meus.
Tudo termina ao alvorecer, mas enquanto isso,
Sejamos nós a sós entre os nós dos desapegos.

- Douglas Marques -

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Pensamentos de outrora

Nunca tive saudade do passado, nem do que não aconteceu...
Nunca tive medo de que meus segredos fossem revelados, mas que não fosse eu ao revelá-los.
Nunca sonhei acordado, já que nunca dormi. Nunca respirei outra coisa que não morte e ao mesmo tempo nunca me senti tão vivo.
Nunca recuperei os desejos perdidos, nem desejo recuperar.
Sinto falta do futuro, se é que isto é possível.
Este pertence ao meu passado da mesma maneira que meu presente pertence ao seu.
Tudo volta, apenas sobre uma nova ótica, um novo contexto.
Que pena que meu contexto não é o mesmo, para que assim possa revivê-lo com mais intensidade.
Agora o que me resta são os desandares vagarosos de meus sapatos.
Tortuosos e sem jeito, estes vão retirando minhas marcas do presente e se perdem nos caminhos que ainda não andei.
Devaneios doces às tardes de sexta entre os tempos...

- DM - 19.09.2014

sábado, 13 de setembro de 2014

Nunca soube o que é dor

Nunca soube o que é dor. Nunca reparei no que é a dor.
As dores que senti ao longo dos anos foram meras ilusões.
Sensações que gostam de fingir... dissimular... persuadir...
"Nunca soube o que é dor", disse para si mesmo o mestre do campanário. Ornado de graça e ânsia, se dispusera a trabalhar quando tal pensamento lhe veio a mente. Não se sabe o por quê, nem pra quê, este apenas veio.
Dialogando consigo mesmo sobre os males da vida, seguiu sua rotina de afazeres ludibriantes e enfadonhos. "Se nunca senti dor, como posso dizer que sou realmente humano?", "Como pode um homem, em toda a sua pomposidade e senso, não ter experimentado tal sensação?".
Nunca soube o que é dor... até este momento

- DM - 13.09.14

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Desventuras em noites de solidão

30 de junho de 2013

Já são 6h da manhã e não sei o que faço aqui
acordando entre as calçadas que às noites vem me perseguir.
Calando medos, forçando barras,
um copo a mais no bar.
Vejo o desejo, bebo a calma
na garganta a dor vem suspirar.
O sol atiça minha mente e aos poucos venho recordar
lembranças vagas, noites sem rumo,
na boca o grito venho calar.
Corro e fujo do segredo
que de sofreguidão quase morri.
Mais uma vida que esqueço entre as vozes a coagir.
Eu vou gritar!

Re-sentir

08 de dezembro de 2012

O sonho correu o tempo, o vento a outro alguém,
e quando não puder mais sonhar a vida a mim não mais convém. 
No dias as horas correm ou pausam sem conter;
o dia vira noite e a noite vira amanhã,
o hoje atrás da porta esconde-se em mentes sãs.

Voando entre mentes, sua face a coagir
o sorriso negro que de sua boca vi surgir.
Nos segredos que me contas me reflete o ressoar...
Ressoar do som, ressoar do medo,
ressoar do expresso ar

E no espelho de minha face meu reflexo a mim não vem.
Sou o reflexo que se reflete e não a face a refletir.
Sou o mundo, sou o tempo e ao mesmo tempo nada sou,
pura incógnita que de seus lábios nos meus jorrou.

E agora procuro nos rabiscos negros de seu sorriso o que perdi tendo achado.
Sou mais um segredo que me revelas quando encontro teus olhos cerrados. 

Entre lobos

17 de maio de 2010

Mais uma vez me perco no paradigma da verdade, tentar ser melhor é ser pior para os outros. Quanto mais tento acertar, mais sou chamado de errado. Um conselho amigo em bocas tortas torná-se uma sentença de escárnio. Pobres e amargurados os ouvidos dos que ouvem os ruídos do mundo, sofrem com esse som infernal que lhe acomete em desespero e dor. Sons mudos, gritos silenciosos, ecos do medo que segue sua alma vazia.

Em uma batalha me coloco, meu inimigo está mais perto do que eu imagino, ele lê cada pensamento meu, ouvi cada palavra que sai de minha boca, senti tudo o que eu queria esconder. Essa luta sem início nem fim me acomete a puros devaneios, cercados por pessoas que me julgam, não me entendem, não sou vítima, nem sou vilão, apenas um peão nesse tabuleiro comandado pelo tempo e o pensamento.

Me perdi mais uma vez no abismo da verdade, tento ser verdadeiro, mas os outros me interpretam como falso. Temos que aprender a ficar calados, pois cada mente é um mundo, mundos que se inter-relacionam. A verdade em um mundo é mentira em outro. Temos que saber em qual desses mundos podemos ser verdadeiramente quem somos, mas como saber disso?

Um sorriso amigo pode esconder as navalhas que se abatem em seu interior, rasgando sua carne com a lâmina fria da inconsciência. Aqueles que não sabem distinguir um conselho amigo de uma crítica insensata, não enxergam verdadeiramente o mundo ao seu redor, mas sim os altos muros que rodeiam sua limitada faixa de pensamento.

Me fecho novamente em meu mundo, tento deixar os outros mundos e suas opiniões de lado, seguirei minha rota por entre o espaço de dúvidas que cerca meu caminho, enquanto tento fazer de minhas palavras o silêncio que passa sobre tudo.